terça-feira, 15 de dezembro de 2009

"A democracia sobreviverá sem jornais?"





 As nossas novas tecnologias não nos desobrigam
 das nossas velhas responsabilidades




Os tempos actuais são de interrogações e desafios para a imprensa escrita e para o jornalismo. O texto do Paul Starr, publicado pela revista americana “The New Republic” e em Portugal pela Courrier, é mais um importante contributo para a discussão. Os jornais estão em dificuldades. Esta é uma realidade inequívoca. É dela que parte todo o pensamento de Starr. Alguns pontos merecem especial atenção.




Os recursos desaparecem dos velhos media mais depressa
do que os novos media conseguem desenvolvê-los




Torna-se essencial, desde já, esclarecer a importância da imprensa escrita. São os jornais, ainda hoje, que mais repórteres põem no terreno e mais notícias originais produzem. Para além disso, várias investigações comprovam que televisão e rádio seguem as prioridades noticiosas dos jornais, embora com menor profundidade, também decorrente da sua própria natureza. Outros estudos, tendo por base o índice de corrupção política publicado anualmente pelo Banco Mundial, mostram uma relação muito estreita: quanto menor a circulação livre de jornais num país, mais alta é a sua posição no índice de corrupção. Este é, de facto, um dos objectivos charneira do jornalismo: escrutinar para informar. Um dos perigos de uma menor cobertura jornalística prende-se com a integridade quer de Governos, quer de empresas.


Com a internet e a quebra de vendas e publicidade, os jornais estão a cortar em serviços e jornalistas. Alguns dos quais veteranos que seriam importantes no passar de sabedoria aos profissionais mais jovens. Têm também menos dinheiro para investigações a longo prazo. Como diz Starr, por mais imperfeitos que fossem, os jornais foram as principais instituições a sustentar os valores do jornalismo profissional.


Uma imprensa pobre, implica, como vimos, um maior perigo de corrupção na sociedade. Mas implica também, como muito bem diz Starr, um maior risco de corrupção no próprio jornalismo.


A questão que aqui se impõe não é a da romanceada sobrevivência do jornalismo em papel, mas antes a do jornalismo escrito. Por agora, ainda não foi encontrada resposta para a questão de rentabilizar os conteúdos informativos na internet. Há tempos, disse o director do New York Times que nenhum blogue teria dinheiro para ter em permanência um correspondente que fosse em Bagdad. De facto, assim é. Veja-se o próprio caso deste jornal americano. A edição digital do New York Times é a mais lida nos Estados Unidos mas gera em publicidade apenas 11% do total necessário para cobrir os custos de produção. Os leitores em papel, pese serem muito menos, geram os restantes 89%.


Este é o paradoxo, o paradoxo de Krugman. Os jornais nunca tiveram tantos leitores como hoje mas estão com cada vez menos meios de sobrevivência. De facto, faz sentido a ideia de Paul Starr: os recursos desaparecem dos velhos media mais depressa do que os novos media conseguem desenvolvê-los. Há aqui uma possível zona temporal que chamaria de área cinzenta ou vazia e que é explicada com acelerada passagem dos leitores em papel – os que financiam realmente a produção das notícias – para a edição digital e pela falta de soluções à vista para a rentabilização da publicidade ou conteúdos pagos na internet.


Convém deixar claro que o possível fim dos jornais não é, obviamente, o fim do jornalismo. As notícias contribuem para o esclarecimento da sociedade e, assim, para o seu bom funcionamento. São fundamentais à democracia no sentido em que escrutinam Governos e outras instituições. Por outro lado, as notícias são bens públicos no sentido que os economistas empregam ao conceito. Estas notícias como bens públicos continuarão. Quando uma sociedade exige bens públicos a solução frequente é recorrer ao Estado. A questão é que o jornalismo diário não pode estar sob a alçada do controlo político. Portanto, a solução pode passar por organizações sem fins lucrativos. Ou por ideias como a do conselheiro delegado da Prisa, José Luis Cebrián, que sugere IVA zero para os jornais.


Pierre Bourdieu dizia, no seu livro “Sur la Télévision”, que a televisão pode reunir numa noite durante o telejornal das vinte horas mais pessoas do que todos os diários franceses da manhã e da tarde juntos. Isto quer dizer que os jornais não podem competir com a televisão. Também não podem competir com a rádio, pela sua natureza de actualidade. Assim, os jornais têm de dar aos cidadãos algo diferente. Se a televisão mostra e a rádio e a internet são meios com actualidade, os jornais podem oferecer reflexão, ou seja, os jornais têm o poder de explicar em profundidade e distanciamento e, em relação à internet, com credibilidade. Subscrevo inteiramente as palavras de Jorge Fiel, no DN de 15 de Março, em que diz que só sobreviverão os jornais que apostarem no jornalismo e forem capazes de ajudar os leitores a desbravar a selva da informação em que vivemos, dando-lhes coisas (escolhas, explicações e opiniões) que eles não saibam e precisem e gostem de saber.


Em síntese, na passagem de papel para digital está em jogo o futuro do jornalismo escrito. Não é a passagem em si que está em causa, por mais que se prefira ler em papel do que num ecrã, mas antes a sustentação económica da actual qualidade informativa dos jornais. Porque para já não há soluções para rentabilizar esse nível de qualidade informativa na internet. Isto faz-nos regressar à interrogação central. Urgem ideias e soluções para evitar o desaparecimento dos jornais e o baixar da fasquia no jornalismo. Como atrás referi, os jornais podem oferecer o que televisão, rádio e internet não podem pela sua natureza mais instantânea. As notícias são um bem essencial, proponho que os Governos cortem nos impostos, como por exemplo no IVA. Esta seria uma forma de ajudar sem condicionar a independência dos jornais. Estas são duas ideias que estão já a ser trabalhadas. Espero que as coisas avancem e que isto não passe de uma crise como a do cinema quando surgiu a televisão. Aqui, joga-se uma melhor democracia. Não quero crer que numa era cada vez mais global, com mais informação, sejamos cada vez menos informados.


Por mim, vou continuar a fazer da leitura dos jornais a minha oração matinal, como diria Hegel.





segunda-feira, 9 de novembro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vitória do PS, sim, mas...


Afinal, o que decidiu o povo português?

Decidiu, claramente, tirar a maioria ao PS. Menos meio milhão de votos. Que podem muito bem ser explicados pelas classes profissionais que derivaram o voto para partidos como o CDS ou BE. Só na função pública estão 700 mil pessoas, entre professores, enfermeiros, etc. E claro que também são explicados pela mudança para o BE ou CDU pelo descontentamento acerca da política "de direita" seguida por Sócrates.

O PSD é o grande derrotado. Fica pouco acima do pior resultado de sempre. Isto em termos quantitativos. Mas se analisarmos mais em pormenor, veremos que este acaba por ser pior. Porque Santana Lopes em 2005 concorreu em condições muito más. Desde logo, o abandono de José Manuel "forget the Durão" Barroso. Depois porque teve seis meses de desgaste. E também porque José Sócrates aparecia forte, como alternativa credível.
Manuela Ferreira Leite, não. Estava ela a ser a alternativa. Ao desgaste de quatro anos e meio de maioria absoluta de PS. Mas na hora da verdade, a política de MFL não convenceu. Contudo, teve todas as condições. Até Menezes e Passos Coelho não levantaram muito a voz. O PSD até passou a imagem de unidade à volta da líder, o que não é uma verdade, note-se.
MFL, averba, portanto a maior derrota da noite, apesar de melhorar o score do PSD. Muito pouco, obviamente.
E agora ainda vai ter de fazer um frete de duas semanas. Até às autárquicas. E depois, senão antes ainda, começarão a posicionar-se os próximos candidatos à liderança.

O CDS-PP cresce. Aliás, agiganta-se. Passar para 21 deputados é um resultado de sonho para Paulo Portas. Com o bónus de passar a terceira força política e ser o único partido que pode, sozinho, dar maioria ao PS.
Portas está como gosta. Ou seja, a partir de agora tudo passará por ele. Essencialmente, porque para essa maioria ser de esquerda, será preciso que PS, BE e CDU se entendam, algo que acho mais complicado.

O Bloco de Esquerda também vence. Duplica os deputados e tem mais 200 mil votos. O que é bastante bom para quem tem apenas dez anos de existência.
Mas a noite não foi perfeita. Por duas razões. A primeira não é muito importante do ponto de vista funcional: o CDS ficou à sua frente. A segunda, essa sim importante: o BE sozinho não consegue governar com o PS. E este é um dado essencial para o resultado de Portas ter sido ainda mais valioso.

A CDU cresce em 30 mil votos e sobe um deputado. Se isto é verdade, também é verdade que fica abaixo das expectativas do próprio PCP. Não poderão estar muito contentes, até porque passam a quinta força política.
Depois do PSD, a CDU acaba por ser também derrotada.

Não vou cair no cliché de dizer que a grande vitória da noite vai para a abstenção. Até porque não é bem assim. Com o Cartão do Cidadão, todos ficam automaticamente recenseados. Ou seja, há mais gente com cartão para votar, mas que continua a não votar. Só que antes não entrava sequer nas contas da abstenção.
De qualquer forma, a abstenção continua muito acima do mínimo exigível numa democracia.

Não foi desta, mas Garcia Pereira quase era eleito. Teve mais de 50 mil votos. É obra, quase sem meios e ignorado pelos media quase conseguiu. Ricardo Araújo Pereira também contribuiu, claro. Mas os Gato Fedorento, a convidarem apenas um dos pequenos partidos, obviamente que teria de ser o MRPP. Foi o mais votado dos pequenos em 2005.

O MPT fica em último. Estranho. Um partido que até tem dinheiro para cartazes. Talvez a mensagem não convença mesmo.

Governação

E agora? Esta pergunta deve ter como primeiro endereço o Largo do Rato.

O PS pode virar-se para a direita, verá o CDS. Terá maioria.
O PS pode virar-se para a esquerda, verá BE e CDU. Terá maioria.

A primeira premissa é mais simples mas tem problemas ideológicos que a maioria dos eleitores do PS não iriam perdoar.

A segunda é mais complicada. Também tem questões de ideologia mas, principalmente, tem o problema de a maioria só ser conseguida através de negociações com dois partidos.

Parece-me que nas questões económicas o PS tentará obter maioria com o CDS. Nas causas sociais com BE e CDU. Resta saber se Sócrates terá jogo de cintura para isto ou se vai só aguentar até às presidenciais e ir novamente a eleições para aí, sim, ter maioria, como disse hoje João Cravinho.

O pior disto tudo para o PSD é que fica completamente de fora. Essa é a maior derrota laranja.
Ser condenado à irrelevância.

Foram-se as legislativas

Esta frase poderia ser banal. Mas, hoje, não é.

Espero, agora, pelo Presidente Cavaco Silva.



Apesar da autárquicas,
Cavaco deve ser o próximo grande protagonista.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Parlamento Europeu abre legislatura 2009-2014

O novo Parlamento Europeu (PE) já iniciou funções em Estrasburgo. São 736 deputados, dos quais 22 portugueses. Os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE) continuam como principal força política da Assembleia. A primeira sessão de trabalhos foi dominada pela eleição dos presidentes das comissões parlamentares, ficando de fora a votação do futuro presidente da Comissão Europeia. Com a permanência da maioria do PPE no hemiciclo, Durão Barroso deverá ser reeleito em meados de Setembro.

As três principais famílias políticas – PPE, Socialistas e Liberais – chegaram a um acordo que deverá ser suficiente para a eleição do checo Jerzy Buzek como novo presidente do PE. O acordo estipula também que na segunda metade da legislatura, a presidência será ocupada por um socialista, enquanto os liberais terão algumas presidências e vice-presidências das principais comissões parlamentares. Uma das comissões, a do Comércio Internacional, deverá ser presidida por um eurodeputado português, o ex-ministro da Saúde Correia de Campos.

O arranque marcou, essencialmente, a passagem de testemunho entre antigos e novos eurodeputados. As próximas sessões deverão ser a sério, com o debate da situação no Irão, China e Honduras. A República Checa entrega a presidência da União Europeia à Suécia, que tomou posse a 1 de Julho. Ainda este mês, os escandinavos apresentarão as prioridades da nova liderança para este semestre. JUL2009

Mais 50 Novas Oportunidades

A ministra da Educação garante que a rede do programa Novas Oportunidades vai ser reforçada com mais 50 centros de aprendizagem, como forma de responder à crescente procura.

Este anúncio de Maria de Lurdes Rodrigues surge no dia em que foram conhecidos os resultados da avaliação externa elaborada pela Universidade Católica, que refere o elevado tempo de espera dos candidatos como um dos principais problemas do Novas Oportunidades. O documento, da autoria do ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, adianta que outra dificuldade são os reduzidos impactos do curso no mercado de emprego. Em resposta a esta desadequação entre a certificação e os ganhos laborais, a actual titular da pasta da Educação avança que “é preciso tempo” para que “o tecido empresarial também se adeque às novas qualificações”.

Quanto às críticas de facilitismo do programa, a ministra refere que o “testemunho” dos beneficiários, dos técnicos e dos avaliadores externos “rejeita essa hipótese”. Mas há questões a melhorar: Maria de Lurdes Rodrigues considera necessário fazer progressos na flexibilidade dos horários de trabalho, para facilitar o acesso das pessoas às acções de formação e aumentar o universo de entidades empregadoras, para que os trabalhadores possam frequentar o programa.

Pelo Novas Oportunidades já passaram, desde 2006, quase 900 mil portugueses, numa média de 20 mil inscrições por mês. Maria de Lurdes Rodrigues apresentou o projecto de formação, em 2006, como um programa que permite “adquirir novas e mais competências” em termos de línguas, literacia, tecnologia e ciência, está contente com os resultados do projecto já que “ultrapassou em muito qualquer expectativa e alargou muito os horizontes do País, com a recuperação dos níveis de qualificação”, frisou.

JUL2009.


20 mil portugueses inscrevem-se por mês no programa Novas Oportunidades

quinta-feira, 30 de julho de 2009

PS apresenta programa eleitoral de "acção"

O Partido Socialista apresentou, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o programa eleitoral tendo em vista as próximas eleições legislativas.

José Sócrates, secretário-geral do PS, foi o último orador de uma noite de promessas que passam por uma reforma fiscal a favor das classes médias, uma justiça mais célere e o reforço das forças de segurança. Avança também o casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim como um referendo à regionalização e as reformas das leis eleitorais.

“Escrevemos no coração do nosso programa eleitoral o reforço das políticas sociais”, sublinhou Sócrates, reforçando as diferenças entre PS e PSD neste campo já que Manuela Ferreira Leite defende “um Estado mínimo”.

“As nossas ideais são de futuro e a nossa atitude é mobilizar o país no combate à crise e num esforço modernizador”, disse Sócrates, frisando que o PS é um partido “progressista”.

“Queremos Portugal mais moderno e qualificado. Próximo da Europa, mais respeitador da liberdade individual das pessoas e não tolerando nenhuma forma de discriminação”, disse. Prometeu ainda aplicar "políticas de apoio às famílias e à natalidade, o reforço das políticas sociais e a reforma fiscal a favor das classes médias".

Não houve novas bandeiras, as ideias do programa socialista já eram há muito conhecidas e, assim, José Sócrates não se demorou nelas e partiu para o jogo de palavras com o PSD.

O PS foi o primeiro partido a apresentar o documento, e numa altura em que se sabe que o PSD só o apresentará no final de Agosto e que será, nas palavras do social-democrata Aguiar Branco, “minimalista”, o secretário-geral do PS referiu que o “mínimo que se exige a quem se candidata à governação do país é que apresente, antes, as suas ideias e propostas”.
E acrescenta que “é claro que os que defendem um Estado mínimo talvez sintam a necessidade de esconder o que defendem, mas nós queremos convictamente o Estado social”.

As 120 páginas de propostas socialistas são para José Sócrates “um programa de acção” e que os outros têm “um programa que se resume a parar, suspender, rasgar”.

Partidos preparam-se para legislativas

As eleições legislativas preenchem já totalmente o horizonte dos partidos políticos portugueses. Marcadas para o dia 27 de Setembro pelo Presidente da República, Cavaco Silva, começam-se a conhecer os cabeças de lista dos partidos em cada círculo eleitoral, os programas eleitorais e os objectivos de cada partido para esta eleição.

PS e PSD partem com o mesmo objectivo: ganhar e formar governo. José Sócrates já disse que espera fazer “uma coligação com o país” de forma a prosseguir o projecto que teve início em 2005, quando ganhou a Pedro Santana Lopes.

Manuela Ferreira Leite assume que “ganhar por um voto” é o objectivo mínimo laranja. Os dois partidos divergem em muitos projectos, mas estão de acordo na ideia de que a governabilidade é fundamental. PS e PSD defendem que caso os votos sejam muito repartidos, Portugal correrá o risco de ser ingovernável.

A CDU e o Bloco de Esquerda criticam o Governo PS e a alternativa PSD, já que não se trata de uma verdadeira alternativa mas antes uma alternância de poder. No CDS, Paulo Portas já veio dizer que não estabelece metas para estas legislativas.

Diferenças

“Está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice”, diz José Sócrates. É desta forma que o chefe de governo responde à acusação de Manuela Ferreira Leite, para quem as contas públicas estão “absolutamente descontroladas”.

A diferença entre os dois maiores partidos portugueses é nítida. Ferreira Leite defende uma maior contenção em época de crise de forma a não endividar o país, enquanto Sócrates defende que será o investimento público a incentivar a economia através da criação de emprego, para além de serem realmente necessários, na visão do secretário-geral socialista, um aeroporto e o TGV.

A CDU está contra um possível bloco central. Benardino Soares já veio afirmar que “nenhuma maioria absoluta serve para o povo”, explicando que nem uma maioria de um só partido, nem uma constituída por PS e PSD servirá para melhorar o país.

O BE pede mais votos e Francisco Louça refere que o partido “fará uma das disputas mais importantes pela confiança da esquerda, pela dignidade da luta política, pelos trabalhadores e pelos jovens”. “Isto é o pântano dos negócios, do abuso, da criminalidade financeira. É a isso que a esquerda tem de responder”, afirma o líder bloquista.

No CDS, Paulo Portas diz que vai reduzir os impostos e faz disso a maior bandeira do partido. “Só assim a economia poderá recuperar”, diz Portas.

A economia já domina o debate político mas a educação e a saúde também serão temas importantes na próxima campanha. O PS já apresentou o programa eleitoral, enquanto que o PSD falhou a data prevista e espera apresentar o programa no início de Setembro.

Listas vão sendo definidas

O primeiro-ministro José Sócrates vai ser o cabeça de lista do PS pelo círculo de Castelo Branco, secundado por Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor. No círculo de Lisboa, a lista do partido vai ser liderada pelo Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, disse uma fonte do PS à agência Lusa.

Alberto Martins, líder da bancada parlamentar socialista, será o primeiro candidato pelo círculo do Porto. A mesma fonte adianta que o ministro das Finanças e da Economia, Teixeira dos Santos, deverá ser o número um em Aveiro, a ministra da Saúde, Ana Jorge, avançará como primeira candidata em Coimbra e Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Solidariedade vai encabeçar a lista de Setúbal. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, é o primeiro da lista em Vila Real e António José Seguro deverá manter-se como cabeça de lista por Braga.

No PSD, a presidente Manuela Ferreira Leite será a líder da lista em Lisboa, secundada por Nuno Morais Sarmento. O vice-presidente do partido, Aguiar Branco, será o cabeça de lista pelo Porto, seguido do deputado Agostinho Branquinho. Nos Açores avança Mota Amaral. Ainda estão muitos lugares em discussão nas listas dos sociais-democratas e o debate maior tem sido a inclusão de Pedro Passos Coelho como líder do distrito de Vila Real. A concelhia local pretende o ex-presidente da JSD, mas Manuela Ferreira Leite não parece ceder a essa intenção, já que defende a lealdade entre candidatos e direcção nacional do partido como principal factor de selecção.

Francisco Louça, do BE, e Jerónimo de Sousa, da CDU, vão liderar as respectivas listas no círculo eleitoral de Lisboa. Paulo Portas, presidente do CDS-PP, encabeçará a lista do distrito de Aveiro.

O dia das decisões

Tudo será decidido a 27 de Setembro, data em que os portugueses irão às urnas para escolherem o próximo Governo. A eleição organiza-se em 22 círculos eleitorais, ou seja, 18 distritos, as regiões autónomas da Madeira e Açores e, também, o círculo da Europa e resto do mundo.

Depois da vitória do PS em 2005 com uma maioria absoluta de 121 deputados, o PSD quer melhorar o resultado de Santana Lopes nas últimas legislativas, o de 75 deputados.

Há quatro anos, a CDU conseguiu 14 representantes, enquanto que o BE ultrapassou o CDS e passou a quarta força política no Parlamento. Todos os partidos continuam com os mesmos líderes, excepto o PSD que irá a eleições com Manuela Ferreira Leite.

As campanhas deverão arrancar em força no final de Agosto, com a entrada do ano político. Este será o segundo acto eleitoral de 2009, depois das europeias e antes das eleições autárquicas, já marcadas para 11 de Outubro.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Festa do Avante arranca a 4 de Setembro

A Festa do Avante, na Atalaia, Seixal, dura 3 dias, entre dia 4 e 6 de Setembro, e conta com concertos, peças de teatro, feira do livro, debates, exposições e barracas de restauração de todas as regiões portuguesas. Todos os anos é assim e 2009 não foge à regra.

A grande novidade está logo na noite de abertura, com a Grande Gala de Ópera onde poderão ser ouvidas as obras de compositores como Puccini, Verdi ou Mozart. Ainda na música, destacam-se os portugueses Clã e a dupla Maria João e Mário Laginha e os espanhóis Ska P.

Nas artes de palco, o teatro, a dança e o cinema documental estarão em evidência no “Avanteatro”. Milhares de títulos e dezenas de editoras marcarão presença na feira do livro e será comemorado o centenário do nascimento de Soeiro Pereira Gomes.

A festa conta ainda com um programa desportivo. Ginástica, karaté, futsal e esgrima são algumas das modalidades presentes e a 22ª edição da Corrida da Festa está marcada para dia 6. Outro dos pontos importantes do recinto é a Cidade da Juventude, onde os jovens poderão falar de problemas como a falta de emprego e a precariedade laboral.

No último dia, como é tradicional, o palco 25 de Abril contará com a intervenção do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. Segue-se um concerto e a encerrar a festa construída, todos os anos, por milhares de voluntários, ouve-se a Carvalhesa.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Manuel Alegre deixa Parlamento 34 anos depois

“Ser deputado é a mais bela função do mundo”, diz Manuel Alegre. O histórico socialista deixou de tê-la, 34 anos depois de ter sido eleito pela primeira vez. Na sua última sessão parlamentar, Alegre referiu que foi uma honra servir o país durante mais de três décadas na Assembleia.

Alegre sai como entrou, ou seja, “combatendo pelas minhas ideias e por uma República moderna, em que a democracia política se conjugue com a democracia económica, a democracia social, a democracia cultural e os novos direitos civilizacionais”, frisou, referindo que foi esse o sonho dos deputados constituintes.

Manuel Alegre afirmou que deixa a Assembleia da República por “decisão pessoal”. Recordou que pertence a uma geração que nasceu em ditadura, quando o Parlamento “era uma caricatura”. O poeta sublinhou que “o esvaziamento dos direitos sociais implicará sempre uma diminuição dos direitos políticos e um empobrecimento da democracia” e deixou ainda um sério alerta aos deputados sobre a cedência ao populismo.

O crescente divórcio entre cidadãos e os políticos mereceu também a preocupação de Alegre, que sublinhou que o combate a esse problema deve ser travado com “uma intransigente prática republicana, com espírito serviço de público, com transparência e fidelidade à palavra dada perante os eleitores”.

A intervenção de Manuel Alegre foi aplaudida de pé por todas as bancadas, exceptuando a do CDS-PP. Alegre, um dos fundadores do PS, deixou ainda algumas palavras aos seus companheiros da Constituinte, Jaime Gama, Mota Amaral e Jerónimo de Sousa. Amaro da Costa, Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Salgado Zenha, Álvaro Cunhal e Carlos Brito foram os outros nomes destacados por Alegre em dia de despedida.

Despediu-se Manuel Alegre da “casa da democracia”, prometendo continuar fiel “à República, à liberdade, à democracia e ao socialismo e, sobretudo, fiel a Portugal e ao povo português”, disse.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Touradas.

O Ministro da Economia demite-se após fazer "corninhos" ao deputado Benardino Soares.
Andamos a brincar à política.

Foi a morte do touro Pinho.
Pensava que as touradas de morte estavam proibidas em Portugal.

Depriminte.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson.

Sempre gostei de Michael Jackson.

Cresceu cedo de mais, aos 5 anos era já a estrela dos Jackson Five.
Não teve infância. Tentou recuperá-la mais tarde.
Conta-se que ia para uma loja de brinquedos depois da meia-noite e ficava lá a brincar.

Grande cantor, dançarino e compositor. Dos maiores de sempre.
Deixa saudades. Muitas. Era único.

Aos três anos resolvi pedir o meu primeiro disco aos meus pais.
Disse: "Quero o disco do Maico Jeico".
Ainda hoje isso é motivo de conversa animada.
E é algo de que me orgulho.
Cresci com as suas músicas e tive pena de não ser mais cescido para estar presente no único concerto que deu em Portugal: Alvalade, 1992.

O que é criticável noutros, nele era perfeitamente aceitável.
Tudo era permitido porque era o Michael.
Parecia imortal. E para mim, é.

Desaparece um dos últimos baluartes da cultura popular mundial.






Obrigado por tudo.
Até sempre, Michael.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Factos e Ilações Europeias 2009.

Afinal, parece que todos ganharam. Uns mais que outros. Um só derrotado: o PS.

O BE é o grande vencedor. Passa a terceira força política. Elege 3 eurodeputados.
O PSD ganha, e por boa margem, as eleições.
O PCP também vence. Mais votos, mais percentagem em relação a 2004.
O CDS ganha porque afinal não desaparece.
O PS perde e ponto.

José Sócrates substimou claramente o PSD. Ainda entrou na campanha mas já não foi a tempo, mas se não tivesse entrado o resultado talvez tivesse sido ainda pior. A derrota começou logo na escolha do cabeça de lista. Até Ana Gomes teria sido um melhor nome.

Nesse campo, quem acertou foi Manuela Ferreira Leite. Rangel sabe o que faz e na actual conjuntura deu para ganhar. Mas o PSD não se pode enganar a si próprio pensando que estas europeias são uma espécie de primárias para as legislativas. Não são. Quando os portugueses forem às urnas para decidir as políticas internas, tudo será diferente. E aí não teremos Vital frente a Rangel mas Sócrates frente a MFL... com outro factor adicional: há menos abstenção, cai de 60% para 30%, e sabe-se como ela foi penalizadora para o PS neste primeiro round de 2009.

O Bloco de Esquerda passa o PCP. Aqui a grande novidade. Vamos ver como vai lidar o PCP com esse facto totalmente novo.
Não posso deixar de referir que estou muito contente com a eleição do Rui Tavares.

Quanto ao CDS... ficar contente por desmentir as sondagens é pouco. Mantém dois deputados quando a representação nacional cai de 24 para 22. Não é excelente, não é mau. Quinta força política. Fica na mesma. Negam-se a desaparecer mais uma vez.

NOTAS:

O MEP foi o maior dos pequenos.
As sondagens foram o grande tema de debate da noite de hoje. Deve ser o maior problema nacional. Fantástico.
Le Pen eleito.
Berlusconi, primeiro-ministro e cabeça de lista do seu partido (incrível!) ao PE ganhou eleições.
Extrema-direita britânica elege um eurodeputado pela primeira vez.
PdL (extrema-direita) segundo partido mais votado na Holanda.
Sarkozy vencedor. PS francês não se levanta. Filha de Jacques Delors não resolve.
Abstenção 62,8% e não esteve sol.

RESUMO:

Vencedor: Paulo Rangel.
Vencedores: BE
Perdedor: Sócrates
Perdedores: PS