sexta-feira, 18 de abril de 2008

A demissão de Menezes ou a espera invertida.

O PSD vive em crise desde 2005. Desde a partida de Durão Barroso.

O PSD foi nestes últimos anos um partido à espera. À espera de um grande líder. Os "potenciais grandes líderes" esperam, por sua vez, pelo momento certo para entrar em cena - PS tem a maioria, está bem nas sondagens e Socrátes mostra-se forte, portanto, o momento certo nunca será antes das eleições de 2009 mas sim depois, entenda-se, para as eleições de 2013.

É neste jogo de esperas que acontecem Santana Lopes, Marques Mendes e Menezes.
Este é o contexto dos últimos anos.
Nenhum destes três quiseram esperar.

Contudo, nesta quinta-feira, é Menezes, o homem das bases, que decide puxar da táctica da espera.
Menezes percebeu ou pelo menos teve a certeza - em 6 meses de liderança - que se o apoio das bases serve para ser eleito líder do PSD, isso não lhe chegará para ter bons resultados nas legislativas. Com isto quero dizer que Menezes percebeu que precisa dos notáveis do PSD, senão para apoiá-lo, pelo menos para não o atrapalhar - porque são esses que têm tempo de antena nos media, são esses que têm a opinião publicada, são esses que podem ser decisivos nos resultados do seu PSD em 2009.

Em síntese, Menezes percebe, claramente, que se as bases populares do PSD fazem dele o líder do partido, serão os notáveis do PSD que o poderão levar a Primeiro-Ministro ou pelo menos a um resultado digno em 2009, ou seja, retirar a maioria ao PS.

Posto isto, Menezes pede a demissão. Pede aos notáveis do partido que se cheguem à frente. Pressiona. Diz aos críticos para se apresentarem a 24 de Maio. Afirma que não está na corrida. Orgulha-se do que fez e agrade às bases. E, principalmente, espera.

Nesta curta espera... porque, lembre-se, Menezes não é daqueles de esperar pelo momento certo, marca eleições para 24 Maio. Curto para grandes candidaturas. O único que está realmente organizado para elas é... o próprio Menezes.
Surge Aguiar Branco, da "burguesia do Porto" disse João Jardim e Pedro Passos Coelho, ex líder da JSD. Menezes espera.

Menezes sabe que não irá aparecer nenhum "potencial grande líder" porque sabe que esses estão à espera do momento certo. Portanto, irá anunciar a sua recandidatura e voltar a ser líder do PSD.
Se isto acontecer, Menezes sabe que terá, então, toda a legitimidade de que precisava para ir a jogo em 2009 com Socrátes.

É a último trunfo de Menezes e está jogado. E bem jogado.
Digo: a 24 de Maio Menezes resolve de vez a situação interna da sua liderança no PSD. Depois? Depois... verá novamente resolvida em 2009. Com a mia que provável derrota contra Socrátes e a chegada do momento certo do "potencial grande líder".

Portanto, o Menezes que pede a demissão hoje e que diz que não está na corrida será o mesmo Menezes, se não houver imprevistos, que será novamente líder já no próximo 24 de Maio.

Boa jogada, pouco risco e muito retorno.

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