segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Vitória do PS, sim, mas...


Afinal, o que decidiu o povo português?

Decidiu, claramente, tirar a maioria ao PS. Menos meio milhão de votos. Que podem muito bem ser explicados pelas classes profissionais que derivaram o voto para partidos como o CDS ou BE. Só na função pública estão 700 mil pessoas, entre professores, enfermeiros, etc. E claro que também são explicados pela mudança para o BE ou CDU pelo descontentamento acerca da política "de direita" seguida por Sócrates.

O PSD é o grande derrotado. Fica pouco acima do pior resultado de sempre. Isto em termos quantitativos. Mas se analisarmos mais em pormenor, veremos que este acaba por ser pior. Porque Santana Lopes em 2005 concorreu em condições muito más. Desde logo, o abandono de José Manuel "forget the Durão" Barroso. Depois porque teve seis meses de desgaste. E também porque José Sócrates aparecia forte, como alternativa credível.
Manuela Ferreira Leite, não. Estava ela a ser a alternativa. Ao desgaste de quatro anos e meio de maioria absoluta de PS. Mas na hora da verdade, a política de MFL não convenceu. Contudo, teve todas as condições. Até Menezes e Passos Coelho não levantaram muito a voz. O PSD até passou a imagem de unidade à volta da líder, o que não é uma verdade, note-se.
MFL, averba, portanto a maior derrota da noite, apesar de melhorar o score do PSD. Muito pouco, obviamente.
E agora ainda vai ter de fazer um frete de duas semanas. Até às autárquicas. E depois, senão antes ainda, começarão a posicionar-se os próximos candidatos à liderança.

O CDS-PP cresce. Aliás, agiganta-se. Passar para 21 deputados é um resultado de sonho para Paulo Portas. Com o bónus de passar a terceira força política e ser o único partido que pode, sozinho, dar maioria ao PS.
Portas está como gosta. Ou seja, a partir de agora tudo passará por ele. Essencialmente, porque para essa maioria ser de esquerda, será preciso que PS, BE e CDU se entendam, algo que acho mais complicado.

O Bloco de Esquerda também vence. Duplica os deputados e tem mais 200 mil votos. O que é bastante bom para quem tem apenas dez anos de existência.
Mas a noite não foi perfeita. Por duas razões. A primeira não é muito importante do ponto de vista funcional: o CDS ficou à sua frente. A segunda, essa sim importante: o BE sozinho não consegue governar com o PS. E este é um dado essencial para o resultado de Portas ter sido ainda mais valioso.

A CDU cresce em 30 mil votos e sobe um deputado. Se isto é verdade, também é verdade que fica abaixo das expectativas do próprio PCP. Não poderão estar muito contentes, até porque passam a quinta força política.
Depois do PSD, a CDU acaba por ser também derrotada.

Não vou cair no cliché de dizer que a grande vitória da noite vai para a abstenção. Até porque não é bem assim. Com o Cartão do Cidadão, todos ficam automaticamente recenseados. Ou seja, há mais gente com cartão para votar, mas que continua a não votar. Só que antes não entrava sequer nas contas da abstenção.
De qualquer forma, a abstenção continua muito acima do mínimo exigível numa democracia.

Não foi desta, mas Garcia Pereira quase era eleito. Teve mais de 50 mil votos. É obra, quase sem meios e ignorado pelos media quase conseguiu. Ricardo Araújo Pereira também contribuiu, claro. Mas os Gato Fedorento, a convidarem apenas um dos pequenos partidos, obviamente que teria de ser o MRPP. Foi o mais votado dos pequenos em 2005.

O MPT fica em último. Estranho. Um partido que até tem dinheiro para cartazes. Talvez a mensagem não convença mesmo.

Governação

E agora? Esta pergunta deve ter como primeiro endereço o Largo do Rato.

O PS pode virar-se para a direita, verá o CDS. Terá maioria.
O PS pode virar-se para a esquerda, verá BE e CDU. Terá maioria.

A primeira premissa é mais simples mas tem problemas ideológicos que a maioria dos eleitores do PS não iriam perdoar.

A segunda é mais complicada. Também tem questões de ideologia mas, principalmente, tem o problema de a maioria só ser conseguida através de negociações com dois partidos.

Parece-me que nas questões económicas o PS tentará obter maioria com o CDS. Nas causas sociais com BE e CDU. Resta saber se Sócrates terá jogo de cintura para isto ou se vai só aguentar até às presidenciais e ir novamente a eleições para aí, sim, ter maioria, como disse hoje João Cravinho.

O pior disto tudo para o PSD é que fica completamente de fora. Essa é a maior derrota laranja.
Ser condenado à irrelevância.

Foram-se as legislativas

Esta frase poderia ser banal. Mas, hoje, não é.

Espero, agora, pelo Presidente Cavaco Silva.



Apesar da autárquicas,
Cavaco deve ser o próximo grande protagonista.


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Parlamento Europeu abre legislatura 2009-2014

O novo Parlamento Europeu (PE) já iniciou funções em Estrasburgo. São 736 deputados, dos quais 22 portugueses. Os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE) continuam como principal força política da Assembleia. A primeira sessão de trabalhos foi dominada pela eleição dos presidentes das comissões parlamentares, ficando de fora a votação do futuro presidente da Comissão Europeia. Com a permanência da maioria do PPE no hemiciclo, Durão Barroso deverá ser reeleito em meados de Setembro.

As três principais famílias políticas – PPE, Socialistas e Liberais – chegaram a um acordo que deverá ser suficiente para a eleição do checo Jerzy Buzek como novo presidente do PE. O acordo estipula também que na segunda metade da legislatura, a presidência será ocupada por um socialista, enquanto os liberais terão algumas presidências e vice-presidências das principais comissões parlamentares. Uma das comissões, a do Comércio Internacional, deverá ser presidida por um eurodeputado português, o ex-ministro da Saúde Correia de Campos.

O arranque marcou, essencialmente, a passagem de testemunho entre antigos e novos eurodeputados. As próximas sessões deverão ser a sério, com o debate da situação no Irão, China e Honduras. A República Checa entrega a presidência da União Europeia à Suécia, que tomou posse a 1 de Julho. Ainda este mês, os escandinavos apresentarão as prioridades da nova liderança para este semestre. JUL2009

Mais 50 Novas Oportunidades

A ministra da Educação garante que a rede do programa Novas Oportunidades vai ser reforçada com mais 50 centros de aprendizagem, como forma de responder à crescente procura.

Este anúncio de Maria de Lurdes Rodrigues surge no dia em que foram conhecidos os resultados da avaliação externa elaborada pela Universidade Católica, que refere o elevado tempo de espera dos candidatos como um dos principais problemas do Novas Oportunidades. O documento, da autoria do ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, adianta que outra dificuldade são os reduzidos impactos do curso no mercado de emprego. Em resposta a esta desadequação entre a certificação e os ganhos laborais, a actual titular da pasta da Educação avança que “é preciso tempo” para que “o tecido empresarial também se adeque às novas qualificações”.

Quanto às críticas de facilitismo do programa, a ministra refere que o “testemunho” dos beneficiários, dos técnicos e dos avaliadores externos “rejeita essa hipótese”. Mas há questões a melhorar: Maria de Lurdes Rodrigues considera necessário fazer progressos na flexibilidade dos horários de trabalho, para facilitar o acesso das pessoas às acções de formação e aumentar o universo de entidades empregadoras, para que os trabalhadores possam frequentar o programa.

Pelo Novas Oportunidades já passaram, desde 2006, quase 900 mil portugueses, numa média de 20 mil inscrições por mês. Maria de Lurdes Rodrigues apresentou o projecto de formação, em 2006, como um programa que permite “adquirir novas e mais competências” em termos de línguas, literacia, tecnologia e ciência, está contente com os resultados do projecto já que “ultrapassou em muito qualquer expectativa e alargou muito os horizontes do País, com a recuperação dos níveis de qualificação”, frisou.

JUL2009.


20 mil portugueses inscrevem-se por mês no programa Novas Oportunidades