quarta-feira, 30 de abril de 2008

Alguém disse "não me obriguem a vir para a rua gritar"?

Comunicado de Imprensa dos Precários-Inflexíveis.
Movimentos anti-precariedade calados ontem na RTP

"Os Precários-Inflexíveis e o FERVE (Fartos/as d'Estes Recibos Verdes) foram calados na RTP. Aconteceu ontem à noite no programa "Prós e Contras", filmado na Casa do Artista, em Lisboa.

Estes dois movimentos anti-precariedade tinham sido convidados a participar num debate televisivo sobre as novas propostas de leis laborais apresentadas pelo Governo. Mas quando o representante do FERVE (André Soares) e dos Precários-Inflexíveis (João Pacheco) foram conduzidos aos camarins, foi-lhes dito numa escada de acesso que afinal havia demasiados convidados e apenas um deles poderia falar.

Os representantes dos dois movimentos decidiram partilhar o curto "tempo de antena", preparando-se para falar um sobre questões práticas relacionadas com os falsos recibos verdes na função pública e a petição apresentada pelo FERVE à Assembleia da República e o outro sobre o desfile anual anti-precariedade Mayday, que começará à uma da tarde de 1 de Maio, no Largo Camões, em Lisboa.

Na sua curtíssima declaração, o representante do FERVE, André Soares, colocou várias questões incómodas ao ministro do Trabalho e da Solidariedade Social Vieira da Silva. A partir desse momento foi impossível os representantes destes dois movimentos anti-precariedade voltarem a falar.

O representante do FERVE, André Soares, abandonou o auditório pouco depois de ter falado e de não ter tido direito a respostas do ministro Vieira da Silva, coisa que se esperava de um debate, modelo em que o programa se insere.

O representante dos Precários-Inflexíveis, João Pacheco, ficou longos minutos de pé na primeira fila da audiência. Com um microfone desligado na mão, à espera de poder falar pelo menos uma vez. Ao fim de muito tempo, foi convidado a sair por uma das pessoas da produção do programa.

Com João Pacheco saíram do auditório em solidariedade todos os membros dos Precários-Inflexíveis presentes até esse momento nas filas da frente do auditório.

Os Precários-Inflexíveis repudiam o que aconteceu no "Prós e Contras" de ontem e estão a preparar uma queixa formal ao Provedor do telespectador da Rádio e Televisão de Portugal, professor Paquete de Oliveira.

Como é possível que sejam convidadas pessoas para falar num programa de um canal de televisão público, deixando-as depois a fazer figura na audiência, como jarras decorativas?

Certos de que a precariedade é uma bomba-relógio social prestes a rebentar em Portugal, os Precários-Inflexíveis dizem aqui o essencial do que ficou por dizer ontem, num programa em que praticamente apenas se falou de trabalho precário:
1 de Maio, uma da tarde, largo Camões, em Lisboa - Mayday!

Resta-nos a rua para podermos expressar a nossa luta.
A presença desta multidão enganada será ouvida."

Via PI

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Vamos para a rua gritar.

Comemorei o 25 de Abril, claro.

Mas se a geração que está hoje na casa dos 60 anos nos abriu portas,
somos nós agora que temos de continuar.
A nossa geração tem de continuar.
A geração 500 euros.

Não há liberdade sem segurança social.
Não há liberdade sem justiça.
Não há liberdade sem educação gratuita - desde infantários ao ensino superior.
Não há liberdade sem sistema nacional de saúde.

"As portas que Abril nos abriu" foram as portas de podermos lutar pelos nossos direitos livremente.
E essa é a maior das liberdades.
Essa é a grande proeza, podermos lutar livremente pelo que acreditamos.

Vamos agora nós, continuar ou, à século XXI globalizado, fazer um upgrade do 25.04.74.

Ir para a rua gritar - a maior das liberdades.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A demissão de Menezes ou a espera invertida.

O PSD vive em crise desde 2005. Desde a partida de Durão Barroso.

O PSD foi nestes últimos anos um partido à espera. À espera de um grande líder. Os "potenciais grandes líderes" esperam, por sua vez, pelo momento certo para entrar em cena - PS tem a maioria, está bem nas sondagens e Socrátes mostra-se forte, portanto, o momento certo nunca será antes das eleições de 2009 mas sim depois, entenda-se, para as eleições de 2013.

É neste jogo de esperas que acontecem Santana Lopes, Marques Mendes e Menezes.
Este é o contexto dos últimos anos.
Nenhum destes três quiseram esperar.

Contudo, nesta quinta-feira, é Menezes, o homem das bases, que decide puxar da táctica da espera.
Menezes percebeu ou pelo menos teve a certeza - em 6 meses de liderança - que se o apoio das bases serve para ser eleito líder do PSD, isso não lhe chegará para ter bons resultados nas legislativas. Com isto quero dizer que Menezes percebeu que precisa dos notáveis do PSD, senão para apoiá-lo, pelo menos para não o atrapalhar - porque são esses que têm tempo de antena nos media, são esses que têm a opinião publicada, são esses que podem ser decisivos nos resultados do seu PSD em 2009.

Em síntese, Menezes percebe, claramente, que se as bases populares do PSD fazem dele o líder do partido, serão os notáveis do PSD que o poderão levar a Primeiro-Ministro ou pelo menos a um resultado digno em 2009, ou seja, retirar a maioria ao PS.

Posto isto, Menezes pede a demissão. Pede aos notáveis do partido que se cheguem à frente. Pressiona. Diz aos críticos para se apresentarem a 24 de Maio. Afirma que não está na corrida. Orgulha-se do que fez e agrade às bases. E, principalmente, espera.

Nesta curta espera... porque, lembre-se, Menezes não é daqueles de esperar pelo momento certo, marca eleições para 24 Maio. Curto para grandes candidaturas. O único que está realmente organizado para elas é... o próprio Menezes.
Surge Aguiar Branco, da "burguesia do Porto" disse João Jardim e Pedro Passos Coelho, ex líder da JSD. Menezes espera.

Menezes sabe que não irá aparecer nenhum "potencial grande líder" porque sabe que esses estão à espera do momento certo. Portanto, irá anunciar a sua recandidatura e voltar a ser líder do PSD.
Se isto acontecer, Menezes sabe que terá, então, toda a legitimidade de que precisava para ir a jogo em 2009 com Socrátes.

É a último trunfo de Menezes e está jogado. E bem jogado.
Digo: a 24 de Maio Menezes resolve de vez a situação interna da sua liderança no PSD. Depois? Depois... verá novamente resolvida em 2009. Com a mia que provável derrota contra Socrátes e a chegada do momento certo do "potencial grande líder".

Portanto, o Menezes que pede a demissão hoje e que diz que não está na corrida será o mesmo Menezes, se não houver imprevistos, que será novamente líder já no próximo 24 de Maio.

Boa jogada, pouco risco e muito retorno.