segunda-feira, 6 de abril de 2009

Mas estiveram.

“Os Estados Unidos não estão,
nem nunca estarão,
em guerra com o islão”.

Barack Obama.

3 comentários:

Tiago FM disse...

Os Estados Unidos nunca estiveram em guerra com o islão.

Até porque as suas guerras nunca tiveram motivos religiosos. Por muito que possamos apontar o dedo à propaganda americana que, por vezes, passa uma mensagem ou se fundamenta numa visão negativa do islamismo, nunca houve, mesmo disfarçada ou desassumida, uma guerra com o islão.

As guerras americanas sempre foram políticas e económicas. Aliás, lembro-me, assim de repente, de pelo menos um país (ultra-)islamista com quem nunca tiveram em guerra, a Arábia Saudita. Tão tapadinhas que andam lá as senhoras, tão fanáticos que eles são, e são um pilar das relações americanas no Médio Oriente (principalmente as pacifistas-económicas).

E por muito que possa soar a propaganda, sempre declararam respeito pelo Islão. Aliás, nem lhes incomoda os extremismos se vierem de aliados.

O Estados Unidos nunca fizeram guerra religiosa. Nem lhes interessa. E Obama (ha...) sabe o que diz. Não se pode confundir fazer, ou ter feito, guerras em países islamistas com estar, ou ter estado, em guerra com o islão.

t.

João José Pires disse...

“Os Estados Unidos não estão,
nem nunca estarão,
em guerra com o islão”.
É o próprio Obama que não utiliza o passado.

Os americanos sempre viram, principalmente desde os Bush, o Islão como sinónimo de extremismo.
Claro que os motivos de guerras não se esgotam ou melhor, nem sequer começam por aqui.
Falo de preconceito. Falo da situação palestiniana e da fobia israelita apoiada pelos EUA por tudo o que é islamita. Falo do Iraque. As guerras são, obviamente, económicas. Mas não ficam por aí. Falo do Afeganistão. Refero-me ao espalhar da ideia da Administração Bush de que os mulçumanos são extremistas. Falo da responsabilidade que os EUA têm de dividir o mundo em dois.
Falo da necessidade de Obama, na Turquia, de passar uma nova imagem de diálogo e de mudança em relação ao passado.
Porque estar em guerra não se reduz a levar ou dar um tiro.
E Obama sabe isso.

Tiago FM disse...

A guerra com no Afeganistão, Iraque, e a que quase aconteceu no Irão têm tanto de religiosa como a guerra fria com a Rússia. O objectivo é sempre mostrar que os outros são "os maus", nós e quem está connosco somos "os bons".
Mas o islamismo nunca foi apontado como sendo representando "os maus". Tanto que havia uma data de islamistas, mesmo que extremistas, do lado "dos bons".
O mesmo não se pode dizer dos regimes comunistas, aí havia directamente uma guerra com essa identidade específica. Com o islão como indentidade de guerra, nunca houve.

Os americanos gostam de dividir o mundo ao meio, mas se dissermos que estiveram em guerra com o islão, mesmo que agora digam que não estejam, é entrar nesse jogo. Mesmo que do lado da teoria da conspiração.
É preciso atacar e criticar pelos verdadeiros motivos de guerra, e não entrar no jogo dos bons e dos maus. Até porque o objectivo primário é desejar que se pense que a guerra é com o islão, facilita as coisas e esconde os verdadeiros motivos de todo o poderio americano.

E Obama não teria esse discurso se fosse tão facilmente deitado por terra. Ele sabe que nunca estiveram em guerra com o islão - nem que seja por todos os aliados islamistas que têm, e também por o terem sempre declarado oficialmente - e por isso pode falar à vontade no presente, sem que lhe atirem à cara o passado próximo. E como presidente, não pode negar o passado. Aliás, quando quer, marca bem as diferenças com o passado, como as constantes referências a Guantanamo.

Pode apontar para um rumo mais aberto, que aponta os extremismos por o serem e sem a forte conotação islamista dada pelos dois Bush. Mas, lá está, ele sabe bem que a guerra nunca foi nem religiosa, nem com o islão. E, assim, nem é, nem será, como diz. Estão-se borrifando para isso, assim como, na realidade, para os extremismos e as ditadoras e os direitos humanos.

Mas as evoluções vão sendo evidentes, embora parcas relativamente a direitos humanos. Mas já não se sente a divisão entre bons e maus, o que é uma boa evolução. Vamos deixar soprar as aragens de mudança e ir vendo no que realmente dá.

Quero outro tema: Turquia na U.E., sim ou não?