terça-feira, 28 de julho de 2009

Manuel Alegre deixa Parlamento 34 anos depois

“Ser deputado é a mais bela função do mundo”, diz Manuel Alegre. O histórico socialista deixou de tê-la, 34 anos depois de ter sido eleito pela primeira vez. Na sua última sessão parlamentar, Alegre referiu que foi uma honra servir o país durante mais de três décadas na Assembleia.

Alegre sai como entrou, ou seja, “combatendo pelas minhas ideias e por uma República moderna, em que a democracia política se conjugue com a democracia económica, a democracia social, a democracia cultural e os novos direitos civilizacionais”, frisou, referindo que foi esse o sonho dos deputados constituintes.

Manuel Alegre afirmou que deixa a Assembleia da República por “decisão pessoal”. Recordou que pertence a uma geração que nasceu em ditadura, quando o Parlamento “era uma caricatura”. O poeta sublinhou que “o esvaziamento dos direitos sociais implicará sempre uma diminuição dos direitos políticos e um empobrecimento da democracia” e deixou ainda um sério alerta aos deputados sobre a cedência ao populismo.

O crescente divórcio entre cidadãos e os políticos mereceu também a preocupação de Alegre, que sublinhou que o combate a esse problema deve ser travado com “uma intransigente prática republicana, com espírito serviço de público, com transparência e fidelidade à palavra dada perante os eleitores”.

A intervenção de Manuel Alegre foi aplaudida de pé por todas as bancadas, exceptuando a do CDS-PP. Alegre, um dos fundadores do PS, deixou ainda algumas palavras aos seus companheiros da Constituinte, Jaime Gama, Mota Amaral e Jerónimo de Sousa. Amaro da Costa, Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Salgado Zenha, Álvaro Cunhal e Carlos Brito foram os outros nomes destacados por Alegre em dia de despedida.

Despediu-se Manuel Alegre da “casa da democracia”, prometendo continuar fiel “à República, à liberdade, à democracia e ao socialismo e, sobretudo, fiel a Portugal e ao povo português”, disse.

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