quinta-feira, 30 de julho de 2009

Partidos preparam-se para legislativas

As eleições legislativas preenchem já totalmente o horizonte dos partidos políticos portugueses. Marcadas para o dia 27 de Setembro pelo Presidente da República, Cavaco Silva, começam-se a conhecer os cabeças de lista dos partidos em cada círculo eleitoral, os programas eleitorais e os objectivos de cada partido para esta eleição.

PS e PSD partem com o mesmo objectivo: ganhar e formar governo. José Sócrates já disse que espera fazer “uma coligação com o país” de forma a prosseguir o projecto que teve início em 2005, quando ganhou a Pedro Santana Lopes.

Manuela Ferreira Leite assume que “ganhar por um voto” é o objectivo mínimo laranja. Os dois partidos divergem em muitos projectos, mas estão de acordo na ideia de que a governabilidade é fundamental. PS e PSD defendem que caso os votos sejam muito repartidos, Portugal correrá o risco de ser ingovernável.

A CDU e o Bloco de Esquerda criticam o Governo PS e a alternativa PSD, já que não se trata de uma verdadeira alternativa mas antes uma alternância de poder. No CDS, Paulo Portas já veio dizer que não estabelece metas para estas legislativas.

Diferenças

“Está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice”, diz José Sócrates. É desta forma que o chefe de governo responde à acusação de Manuela Ferreira Leite, para quem as contas públicas estão “absolutamente descontroladas”.

A diferença entre os dois maiores partidos portugueses é nítida. Ferreira Leite defende uma maior contenção em época de crise de forma a não endividar o país, enquanto Sócrates defende que será o investimento público a incentivar a economia através da criação de emprego, para além de serem realmente necessários, na visão do secretário-geral socialista, um aeroporto e o TGV.

A CDU está contra um possível bloco central. Benardino Soares já veio afirmar que “nenhuma maioria absoluta serve para o povo”, explicando que nem uma maioria de um só partido, nem uma constituída por PS e PSD servirá para melhorar o país.

O BE pede mais votos e Francisco Louça refere que o partido “fará uma das disputas mais importantes pela confiança da esquerda, pela dignidade da luta política, pelos trabalhadores e pelos jovens”. “Isto é o pântano dos negócios, do abuso, da criminalidade financeira. É a isso que a esquerda tem de responder”, afirma o líder bloquista.

No CDS, Paulo Portas diz que vai reduzir os impostos e faz disso a maior bandeira do partido. “Só assim a economia poderá recuperar”, diz Portas.

A economia já domina o debate político mas a educação e a saúde também serão temas importantes na próxima campanha. O PS já apresentou o programa eleitoral, enquanto que o PSD falhou a data prevista e espera apresentar o programa no início de Setembro.

Listas vão sendo definidas

O primeiro-ministro José Sócrates vai ser o cabeça de lista do PS pelo círculo de Castelo Branco, secundado por Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio e da Defesa do Consumidor. No círculo de Lisboa, a lista do partido vai ser liderada pelo Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, disse uma fonte do PS à agência Lusa.

Alberto Martins, líder da bancada parlamentar socialista, será o primeiro candidato pelo círculo do Porto. A mesma fonte adianta que o ministro das Finanças e da Economia, Teixeira dos Santos, deverá ser o número um em Aveiro, a ministra da Saúde, Ana Jorge, avançará como primeira candidata em Coimbra e Vieira da Silva, ministro do Trabalho e da Solidariedade vai encabeçar a lista de Setúbal. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, é o primeiro da lista em Vila Real e António José Seguro deverá manter-se como cabeça de lista por Braga.

No PSD, a presidente Manuela Ferreira Leite será a líder da lista em Lisboa, secundada por Nuno Morais Sarmento. O vice-presidente do partido, Aguiar Branco, será o cabeça de lista pelo Porto, seguido do deputado Agostinho Branquinho. Nos Açores avança Mota Amaral. Ainda estão muitos lugares em discussão nas listas dos sociais-democratas e o debate maior tem sido a inclusão de Pedro Passos Coelho como líder do distrito de Vila Real. A concelhia local pretende o ex-presidente da JSD, mas Manuela Ferreira Leite não parece ceder a essa intenção, já que defende a lealdade entre candidatos e direcção nacional do partido como principal factor de selecção.

Francisco Louça, do BE, e Jerónimo de Sousa, da CDU, vão liderar as respectivas listas no círculo eleitoral de Lisboa. Paulo Portas, presidente do CDS-PP, encabeçará a lista do distrito de Aveiro.

O dia das decisões

Tudo será decidido a 27 de Setembro, data em que os portugueses irão às urnas para escolherem o próximo Governo. A eleição organiza-se em 22 círculos eleitorais, ou seja, 18 distritos, as regiões autónomas da Madeira e Açores e, também, o círculo da Europa e resto do mundo.

Depois da vitória do PS em 2005 com uma maioria absoluta de 121 deputados, o PSD quer melhorar o resultado de Santana Lopes nas últimas legislativas, o de 75 deputados.

Há quatro anos, a CDU conseguiu 14 representantes, enquanto que o BE ultrapassou o CDS e passou a quarta força política no Parlamento. Todos os partidos continuam com os mesmos líderes, excepto o PSD que irá a eleições com Manuela Ferreira Leite.

As campanhas deverão arrancar em força no final de Agosto, com a entrada do ano político. Este será o segundo acto eleitoral de 2009, depois das europeias e antes das eleições autárquicas, já marcadas para 11 de Outubro.

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